Gênero: Suspense
Diretor: Martin Scorsese
Duração: 137 minutos
Ano de Lançamento: 2010
País de Origem: Estados Unidos
Idioma do Áudio: Inglês
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt1130884/
Elenco:
Leonardo DiCaprio ... Teddy Daniels
Mark Ruffalo ... Chuck Aule
Ben Kingsley ... Dr. Cawley
Max von Sydow ... Dr. Naehring
Michelle Williams ... Dolores Chanal
Emily Mortimer ... Rachel 1
Patricia Clarkson ... Rachel 2
Jackie Earle Haley ... George Noyce
Ted Levine ... Warden
John Carroll Lynch ... Deputy Warden McPherson
Elias Koteas ... Laeddis
Sinopse:
Considerado uma lenda dentro da Polícia Federal norte-americana, o agente Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) é enviado para o caso mais difícil e misterioso de sua carreira. Ao lado do parceiro Chuck Aule (Mark Ruffalo), ele vai para Shutter Island, um manicômio para prisioneiros perigosos, localizado dentro de uma ilha em que é impossível fugir. Mesmo assim, ele vai investigar o desaparecimento de uma paciente, que sumiu de dentro de um quarto trancado por fora. Para dificultar ainda mais seu trabalho, lá dentro ele está submetido aos protocolos do lugar e tem de seguir todas as regras. Uma vez dentro do manicômio, Teddy percebe que todos estão escondendo informações importantes para descobrir a verdade. Interrogando pacientes e funcionários da instituição, ninguém parece saber de nada sobre o sumiço da mulher, que assassinou seus três filhos e se recusava a acreditar que eles estavam mortos. Os mistérios na ilha do Medo se tornam cada vez mais constantes para a dupla de policiais, principalmente quando Teddy revela ao parceiro sua teoria sobre o lugar, de que ali são feitas experiências psicológicas contra inimigos do Estado. Com os psiquiatras Cawley e Naehring fazendo de tudo para dificultar as investigações, além de o Dr. Sheehan, médico particular da desaparecida de férias, os policiais precisam quebrar todos os protocolos do local para conseguir algum resultado. A surpresa, no entanto, é que a presa reaparece como se nada tivesse acontecido. Sem mais motivos para continuar na ilha, mas assombrado por acontecimentos do passado, Teddy decide continuar sua investigação a fundo, até desvendar o que realmente está acontecendo ali. Porém, quanto mais ele descobre, menores são as chances de um dia ele conseguir ir embora.
Critica:
Surge do meio da neblina, como o carro no começo de Taxi Driver, a balsa que leva o agente federal Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) à ilha do Medo. Se o autor do livro que serve de base ao filme, Dennis Lehane, já dizia que a sua ideia era homenagear gêneros, dos filmes B aos terrores góticos, na adaptação Martin Scorsese também abraça as múltiplas referências - a começar pela referência a si mesmo.
Como em Taxi Driver, a neblina é um enigma, simboliza um tormento. No caso, descobrimos rapidamente que Teddy está chegando ao presídio psiquiátrico na ilha Shutter, acompanhado do agente Chuck Aule (Mark Ruffalo), não só para investigar o desaparecimento de uma paciente, como também para resolver questões particulares que o assombram desde a morte de sua esposa, Dolores (Michelle Williams).
A partir daí a colagem de referências é tão intensa que Scorsese parece estar jogando pistas falsas para incitar interpretações do espectador. Filme de guerra (seria o hospital uma espécie de campo de concentração?), filme policial (estaria Teddy, como todo detetive de noir, sendo vítima de uma conspiração?) e filme-delírio (o que afinal é real na Shutter Island?) se misturam. Até o título nacional, que sugere um suspense sobrenatural, entra involuntariamente nesse jogo de espelhos.
E aí vai muito da disposição do espectador para entrar na brincadeira. Se você se incomoda com a mania de Lost, por exemplo, de apresentar novos personagens a cada temporada, vai se irritar com a quantidade de gente que, numa razão de 15 em 15 minutos, aparece do nada em ilha do Medo. Herança dos filmes B, por sua vez, os diálogos variam do genérico ("o cais é o único caminho para entrar e o único para sair") ao hiperexpositivo (conte quantas vezes eles repetem que a Ala C é onde ficam os mais perigosos...).
O que deve agradar os fãs de Scorsese é acompanhar como o cineasta, um assimilador de referências por natureza, usa de seu estoque formal para se adequar às regras do gênero. Se a ideia é confundir o espectador, como nas cenas em que Teddy se encontra com Dolores, ele quebra o eixo de câmera descaradamente para "duplicar" Dolores (o que na mão de qualquer outro seria visto apenas como barbeiragem). Se o objetivo é exagerar na tensão, vamos logo de John Cage e "Music for Marcel Duchamp" na trilha sonora.
Ademais, quem mais abusaria de chicotes (aquelas pans rápidas que vão de um personagem a outro sem corte) de forma tão temerária? ilha do Medo tem alguns momentos constrangedores (estátua de fauno, sério mesmo?) e outros transcendentais, como os flashbacks do Holocausto - um Holocausto meio barroco, reimaginado sob influência da química do hospício, o que não deixa de ser interessante. Ambos os extremos têm seu apelo. Não trata-se de tentar tirar uma média, mas de acompanhar, com certo prazer, como Scorsese passa do sublime ao desastroso sem se abalar.
No fim, olhando para os trabalhos do diretor na última década, recebidos de forma amistosa pela crítica e pela mídia, não é difícil aferir que ilha do Medo é o mais ousado, para o bem e para o mal. Será recebido com opiniões polarizadas, mas pelo menos fica o alívio de que, depois do Oscar, o diretor não se acomodou.





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